A carreira do consagrado trumpetista abrange o jazz, a música erudita e o trabalho de bandleader. Ele ficou famoso como virtuose do trompete e recebeu nove Grammy.
O aclamado trompetista Wynton Marsalis se prepara para lançar um projeto novo: compor uma sinfonia de blues para orquestra. Condizente com uma carreira que abrange o jazz, a música erudita, o trabalho de bandleader e de defesa das artes, a sinfonia de Marsalis é épica em sua escala. A intenção é celebrar a história dos Estados Unidos, desde a Revolução Americana até os dias de hoje, através do blues.
A Orquestra Sinfônica de Atlanta vai tocar a sinfonia em janeiro no Morehouse College, em Atlanta, como parte dos eventos anuais de comemoração do Dia de Martin Luther King. Ela apresentou dois movimentos da sinfonia em novembro.
Marsalis, de 48 anos, nasceu em Nova Orleans, o autoproclamado berço do jazz. Diretor artístico do Jazz at Lincoln Center, em Nova York, ele ficou famoso como virtuose do trompete, compositor e bandleader, tendo recebido nove prêmios Grammy e um Pulitzer de Música por suas apresentações e composições de jazz e música clássica. Marsalis já produziu duas obras épicas anteriores: "All rise" e "Blood on the fields", que recebeu o Pulitzer em 1997. O músico conversou com a Reuters sobre compor a Sinfonia de Blues e sobre grandes músicos de jazz como Duke Ellington e Jelly Roll Morton.
O que fez você se interessar por um projeto de sinfonia de blues?
Marsalis: Desde que comecei a fazer música, sempre me perguntei sobre a apropriação por músicos de orquestra de coisas tocadas por músicos de jazz. Me diverti muito fazendo apresentações com orquestras. Os músicos de orquestra são os que têm mais estudo no mundo.
Foi difícil traduzir as ideias de uma sinfonia de blues para a forma orquestral?
M: É difícil. Você tem que procurar o que vai soar bem. Os instrumentos são usados de maneiras diferentes. O processo todo levou quatro meses de trabalho intensivo, e ainda estou trabalhando nele, além de todo os outros trabalhos que tenho que fazer e além de viajar.
O que os jovens podem aprender sobre grandes jazzistas como Duke Ellington e Jelly Roll Morton, sobre os quais a sinfonia é baseada? M: Sempre incentivo os jovens a pesquisar alguma coisa quando se interessam por ela. O que todos nós precisamos fazer, velhos e jovens, é continuar a estudar. Na música a gente sempre é jovem.
Você sentiu nervosismo por compor uma sinfonia com um tema tão amplo? M: Nunca fico nervoso com nada. Estou apenas compondo música. Eu ficaria nervoso se estivéssemos em uma guerra ou algo do tipo. A música ou funciona ou não funciona. Cresci tocando muitos tipos diferentes de música. Toquei em "marching bands", em uma banda funk, uma banda comunitária, uma banda de jazz... Meu conceito de música é amplo. Meu conceito da história americana é amplo, porque Nova Orleans é uma cidade histórica. Vivendo lá, você sempre está cercado de história.
Como você compõe? M: Faço tudo à mão. Primeiro escrevo a partitura do piano. Preparo a linha geral da composição inteira. Quando a partitura do piano fica pronta, começo a fazer a orquestração. A composição leva tempo, mas tenho sorte porque nunca tenho problema em ter ideias. Tenho dificuldade com a parte técnica, porque nunca estudei orquestração. Demoro muito mais para visualizar como a coisa vai soar.
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