terça-feira, 30 de julho de 2013

DETROIT COLLAPSE - El Tigre visita o EASTOWN THEATRE em 'cartinha' para Ricardo Setti

East Town Theatre V.J. Waiver 1930-Detroit

por LesPaul Corvette


Prezado Setti, escusas pelo extenso... but, diante da refalada decadência de Detroit e estando em Chicago há um ano, resolvi dar um 'pulo' para ver de perto a história da tal decadência e para levantar um pouco da história do Eastown Theatre (última foto de seu post Ricardo Setti - VEJA), cinema dos anos 20 (1926 – 1930) que recebeu uma tonelada de grandes nomes do rock'roll a partir do final dos 60. 

A idéia era colocar em Detroit El Tigre, mi perro falopero, um cão-danado-gente-boa que vive como motorista de celebridades em LA, desde tempos imemoriais. E de lá, contar alguma das histórias que 'narramos' no blog chamado maisbarulho. Desde os 60 o cenário já era devastador. A chegada de 1967 marca o início do fim do belíssimo teatro, até então uma mistura de estilos clássicos em que no seu interior predominava o estilo barroco, com uma abóbada dourada, uma belíssima escada de mármore importado provavelmente da Itália levando ao mezanino. 

A indústria automobilística ainda não havia apontado o bico de sua trajetória para baixo, os 'japoneses' ainda não haviam conquistado os corações (bolsos) americanos, mas a região do teatro já era barra pesadíssima, aliás, na cidade já rolava de tudo. De LSD a heroína fake. Vários casos de overdoses são encontrados ao longo destes quase 100 anos. E assim, a casa de 2500 lugares que abrigou cinema, teatro e até igreja, outrora refinada por lustres exóticos, bustos, tapeçaria emoldurados por um grande arco do proscênio, tudo admirado por artistas e espectadores, veio atravessando os anos até a débâcle prenunciada. Desde os Anos 20 Detroit era coroada por grandes cinemas - no lado oeste tinha o Grand Riviera; no sudoeste a Hollywood; o norte a Uptown. Porém, no lado leste, o Eastown que aparece decrepito, abrigou ícones do calibre do The Who, Yes, Fleetwood Mac, Faces, Jefferson Airplane, Cream, Steppenwolf, King Crimson, James Gang, Rush, J. Geils Band and Joe Walsh Vale, Alice Cooper, dentre outros. Rolava de tudo na 8041 HARPER AVE., DETROIT, MICH.
Sugiro se tiver tempo e interesse, uma lida neste link pinçado no Detroit.Org: http://historicdetroit.org/building/eastown-theatre/  

quinta-feira, 11 de julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um Banquinho, Um Violão, João Gilberto, Muita Porrada e Rock'n Roll

Da Série “El Tigre e Suas Epístolas de Los Angeles”, por LesPaul Corvette

Hally Rows é o codinome que o guitarrista de uma famosa banda de rock utiliza para tocar e cantar sozinho na borbulhante cena de Los Angeles. Sempre que não esta em tournée descansa nas encostas de Malibu e faz apresentações outsiders de Santa Monica a Long Beach. Porém, Hally de regra chega nos locais em que se apresenta a milhões, quando não a zilhões. Lembra muito ao Poeta, estimado biritum da praia dos Ingleses que metade do ano passava sóbrio, trabalhando pesado nas fainas do mar, embarcado em pesqueiros por meses nas águas geladas do Atlântico Sul.  Bem, os outros seis meses eram obnubilados pela cachaça, sua parceira predileta e companheira inseparável.

Voltando a Los Angeles, Hally Rows chegou nesta ultima segunda-feira num daqueles clubes pontificados nos arredores do Kodak Theater tal e qual o Poeta em tempos de férias. Pediu para El Tigre, meu perro amigo falopeiro ajudá-lo com o PA de retorno do som, o set de pedais de efeitos e o violão Gibson jumbo. El Tigre, mi perro loco e grande amigo, cadelo chapadão que faz uns bicos como motorista de celebridades há décadas em LA conhece todo mundo. Dos porteiros dos piores muquifos aos presidentes dos maiores estúdios cinematográficos. Já fez incontáveis participações e pontas. Dublou Rin Tin Tin em cenas fabulosas. Fez pontas em Magnum, quando morou no Hawaii. Transou com atrizes famosas e aspirantes a celebridade fizeram o teste do sofá no banco de sua velha camionete. Diz que é um Hitchicock aos que desdenham de suas incursões em filmes que inclusive ganharam o Oscar, aludindo às aparições passageiras do mestre do suspense em suas renomadas películas.

Pois, bem, como El Tigre conta, segunda-feira é dia pra profissionais. E lá estava ele no balcão com um Campari com suco de toranja, uma laranja amarga mexicana, curando a ressaca do final de semana. Hally Rows seguindo o tonitruante barulho de um latão de lixo virado entrou pela porta dos fundos do bar. - Hi, my friend. - Hi Row, respondeu El Tigre.

A notícia que o guitarrista estaria ali naquela noite trouxe mais gente que o usual ao Barney's, boteco de um troglodita gente boníssima que apenas espiou a chegada de Hally com o canto de seu olho bom. Nós nos conhecemos quando El Tigre e eu dirigimos até Chicago um dos caminhões da mega turnê de 1975 do Led Zeppelin. Barney fazia com seus quase dois metros o serviço pesado e, bem, Hally estava na ribalta. Estávamos agora os três novamente juntos.

Mas a coisa desandou já na segunda canção. Com a voz pastosa, Hally, parafraseando João Gilberto respondeu ao gorila da primeira mesa que ensaiara um chiste: - vaia de babaca não vale. João havia soltado em um show que vaia de bêbado não vale. Pois bem ou, pois mal, um rastilho de pequenas vaias se espalhou nas primeiras mesas e, Hally de sua incontinência psicodélica vituperou:


- porra Barney, não sabia que você tinha reservado os melhores lugares de seu bar pra todos os babacas da cidade dos anjos e dos pecados. Um átimo de silêncio precedeu um quebra-quebra de cinema, afinal, estamos em Los Angeles a poucas quadras da Calçada da Fama. O chefe da Central de Polícia era um ex-dublê com quem El Tigre trabalhou em The Six Million Dollar Man, série em que Lee Majors viveu um ciborgue ou homem biônico entre 1974 e 1978. Mas a liberação dos encrenqueiros e o papo dos bastidores de Hollywood com o capitão da chefatura ficam para um próximo capítulo.