domingo, 22 de janeiro de 2012

O Primeiro Porre de LesPaul com Charles Bukowski



"Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.”



"É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom,bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa."




Quem não conheceu o escritor Charles Bukowski tende a 'emular'  as sandices tradicionais da crítica e, tal qual papagaios ignaros, conceitua-lo com os chavões apressados no forno da pobreza das redações: putanheiro, jogador e beberrão. Ex-funcionário da estatal de correios americana, não raras vezes dependente dos cheques semanais da previdência dos EUA, nós nos encontrávamos nas corridas de cavalo em Los Angeles no final dos 60, início dos 70. Ele não usava drogas. Mas bebia, bebia mais que aquele gauchinho caçula cujo pai dizia que só dava o brioco quando bebia: "mas o guri bebe, o piá bebe mais que dodjão V8...". Poucas palavras, todas sobre as pules e barbadas comuns ao mundo do turfe e dos habitantes dos hipódromos. Igual aos cassinos, ao jogo de cartas e dados que rola no fundo de botecos, ou o poker dos caixas-alta da metrópoles, o vício era o traço comum nesta grandíssima M. E não adianta dar descarga. A magnífica obra entope e não desce. Seja no pano verde, seja nas pistas, a M estará lá com o vencedor, mas especialmente com o perdedor, este de regra nas mãos de algum agiota.
 Pois, voltando a Califórnia, Charles diferia de mim apenas no aspecto, no asseio. Eu disfarçava melhor a ressaca que nos era comum, porém, hoje acredito que ele bebia muito mais que eu e bebia qualquer porcaria destilada. Não apenas se ressentia mais dos ferros. Dobrado o ponteiro das 12 horas, invariavelmente antes da meia-hora da tarde e com o sol a pino em Los Angeles comparávamos nossas informações vindas direto das cocheiras do Hipódromo de Santa Anita, localizado a mais ou menos 11 milhas de Los Angeles. O mundo dos jockeys é rico e muitos ficam ricos lendo bem essas tais informações.

Nós ganhamos muita grana. Ambos. Eventualmente. Geralmente migalhas. E, apenas uma vez, simultaneamente. Naquele dia de fim de outono nos encontramos com as papeletas na mão na fila do guichê, aonde fomos receber a "fortuna". Faturei quase US$ 5.500,00 doletas nesse dia especial e Bukowski mais um tanto bastante generoso. Vi ele deixando uns mil mangos com um corso mal encarado. Reservei US$ 1.500,00 que devia para El Tigre, mi perro loco, que trabalha como motorista para celebridades dos estúdios Hollywoodianos. Encontramos o traquitana na entrada do Universal Studios e de lá voltamos juntos, de táxi,  para um périplo etílico pela Sunset Boulevard. Mesmo para os padrões de LA, foi épico. As putas eram as mais caras disponíveis entre as propriedades badaladas de Beverly Hills e os muquifos que escroques como nós nos escondíamos. A grana acabou rapidamente... To Be Continued

Nenhum comentário: