sábado, 9 de abril de 2011

BEDELHO e RELHO II - Diplomacia americana publica lista de violações em 190 países

Recebido sob críticas, documento elaborado pelo Departamento de Estado relata problemas de direitos humanos

09 de abril de 2011 | 0h 00 Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo

WASHINGTON

A restrição à liberdade de acesso à internet foi destacada na edição de 2010 do Relatório sobre Práticas de Direitos Humanos dos Países, divulgado ontem pelo Departamento de Estado americano. Alvo de críticas pelo fato de não incluir uma análise das violações cometidas pelos Estados Unidos em seu território e no exterior, o documento trouxe um relato minucioso dos desrespeitos que ocorreram em 190 países - entre eles, aliados e inimigos de Washington.

O relatório do Departamento de Estado dos EUA dedicou atenção especial aos movimentos a favor da democracia e dos direitos humanos no Oriente Médio e na África. "Os Estados Unidos continuarão a monitorar a situação nesses países (árabes) de perto, sabendo que a transição para a democracia não é automática e custará tempo e atenção cuidadosa", frisa o documento, referindo-se indiretamente aos casos do Egito e da Tunísia.

Como nas edições anteriores, o documento destaca especialmente as violações contra os direitos humanos em países pouco afinados com Washington. Na América Latina, o governo de Hugo Chávez, na Venezuela, é acusado de usar a Justiça para restringir as liberdades de expressão e de imprensa. O documento lembra também que dezenas de presos políticos ainda estão nas prisões cubanas. Na seção dedicada à Bolívia, foram listados casos de prisões sem acusação, tortura, desaparecimentos e privação de advogados durante julgamentos.

O Irã é citado especialmente pela execução sumária de pelo menos 312 pessoas no ano passado. A China, que tem tido sérias divergências comerciais com os EUA, é citada pela restrição à liberdade de expressão. A Síria, pela detenção de cerca de 3 mil presos políticos. Já a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte é tida como a mais "sinistra". Alguns dos aliados dos EUA não foram poupados de críticas. A Arábia Saudita foi destacada por suas restrições ao uso da internet e suas interceptações de e-mails de seus cidadãos. Israel foi apontado pela sua "discriminação institucional, legal e social contra cidadãos árabes, palestinos residentes na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, judeus não ortodoxos e outros grupos religiosos".

Foram reportadas ainda discriminação contra deficientes e tráfico de pessoas. "Enquanto o tráfico de pessoas para a prostituição diminuiu nos últimos anos, o tráfico para o trabalho continua um sério problema, assim como o abuso de trabalhadores estrangeiros e a discriminação e incitamento contra os que buscam asilo", afirma o documento. Em relação à Colômbia, principal aliada de Washington na América do Sul, o documento condena a perseguição a homossexuais e travestis.

DESRESPEITO

Venezuela: uso da Justiça para perseguir críticos do regime Hugo Chávez e restrições à liberdade de expressão

Cuba: ainda há críticos ao regime nas prisões. O governo suprime direitos humanos e liberdades civis fundamentais

Irã: execução de 312 pessoas em 2010, prisões políticas e perseguição a movimentos

Síria: assassinatos por forças de segurança, detenções de ativistas políticos e de direitos humanos

China: restrições à atuação de jornalistas, ativistas, bloggers e advogados, controle sobre a sociedade civil e detenções arbitrárias



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