sábado, 5 de março de 2011

O Maestro João Carlos Martins, a Emoção do Carnaval da Vai-Vai e os Passaportes Diplomáticos distribuídos à Canalhada

Um emblemático momento repleto de muita emoção, talvez o primeiro grande impacto desse Carnaval 2011, foi proporcionado pelo belíssimo samba da Vai-Vai paulistana e a homenagem da rapaziada do Bexiga ao Maestro João Carlos Martins e sua história de luta e superação após perder os movimentos da mão esquerda, sendo ele considerado um dos maiores pianistas do mundo. Alegorias, samba, passistas e imagens de explícita emoção quando o Maestro regeu a bateria de Mestre Tadeu, trazendo o violino ao samba. O Maestro percorreu a avenida no chão, fez a tradicional manobra de recuo juntamente com a bateria e depois subiu no carro em que uma camerata acompanhava o samba sob sua regência. O laureado em vários momentos teve de conter as lágrimas, lágrimas que os especialistas convidados pela Rede Globo, comandados por Chico Pinheiro, não esconderam.

Pois, pois. Estou cá sozinho assistindo o final do desfile sob as primeiras luzes matinais. Recém flagrado pela minha pequena jóia ela me inquiri sobre uma furtiva lágrima, insistente... Digo-lhe: é o cansaço da televisão e voltando a imagem do Maestro na telinha lembro-me de meu segundo encontro com o genial músico. Voamos juntos para Portugal em setembro de 2009. Quem enfrentou a travessia do Atlântico sabe como é cansativa a viagem, os procedimentos na chegada, alfândega rigorosa no controle de entrada na Comunidade Européia, vôo vindo da América do Sul et coetera e tal. A fila era grande, alguns vôos vindos do continente africano despejavam passageiros na mesma fila de imigração em que estávamos. Ele não escondia o cansaço, meu pai que nos acompanhava também. Algumas crianças são levadas a uma fila especial. Tento com um agente aduaneiro, tanto pela idade septuagenária de ambos e pelo prestígio mundial do maestro, que eles fossem alocados na fila preferencial também, pois uma hora e alguns minutos já haviam passado desde que descemos do avião. Em vão. Enquanto isso, o papo dos passaportes diplomáticos indevidamente distribuídos às fartas à cacalhada é assunto morto na mídia, aparentemente esquecido noutro milênio. Pulhas que nada, absolutamente nada fizeram ou fazem pelo Brasil, pela nação, por nossa cultura, enfim, que nunca dignificaram o mimo diplomático que ostentam, ultrapassam sem revista, marginais acessos às barreiras alfandegárias. Justamente os que deveriam ser observados com o rigor microscópico das lupas.

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