"A meta principal era a volta à Série A em dez meses.
Conseguimos, com direito a título."
"Para 2011, os objetivos passam pela valorização da marca Figueirense, com iniciativas para aumentar a abrangência do sócio-torcedor e o lançamento de um filme em homenagem à conquista da Série B no último ano."
Do vôlei ao futebol: Renan quer sacar o Figueirense ao sucesso nacional
Diretor de operações e marketing fala sobre exemplo de Muricy Ramalho, estratégias para lidar com baixo orçamento e retrospecto favorável em casa
Um projeto audacioso. Construir um time do zero, com prazos de contratações nos dias finais e poucos atletas de ponta ainda disponíveis no mercado. Local para treino? Não existia. Aos poucos, no entanto, a ideia que começou com uma escalação escrita a caneta em um guardanapo foi crescendo e virou tetracampeã nacional. Essa é a história do Florianópolis, equipe idealizada por Renan Dal Zotto, que servirá de exemplo para sua transição do vôlei para o futebol. Direto da Geração de Prata olímpica em 1984 para a direção de operações e marketing do Figueirense, um novo modelo de gestão está sendo implantado pelo gaúcho no Orlando Scarpelli para dar início à guinada do Alvinegro no ano de sua volta à Série A do Brasileirão.
Eleito melhor jogador de vôlei do século XX, Renan garante que não aceita menos do que a excelência na gestão do clube. Das condições do centro de treinamento a projetos de recuperação de imagem do time que havia caído à Série B em 2008, o dirigente busca um de seus exemplos no nome que traduz o mais recente caso de sucesso no Brasileirão.
- Vi uma entrevista do Muricy Ramalho há pouco tempo, e ele disse que estrutura e profissionalismo não ganham título, mas fazem o clube ser grande, trazem resultado. Concordo com ele. No momento em que se tem isso, bons investidores chegam e os atletas ficam mais tranquilos. Quero que o Figueirense seja uma marca consolidada em todo Brasil, uma referência em gestão – disse Renan, acrescentando que, se o Figueira tivesse condições, faria uma proposta de trabalho a Muricy, que se desligou do Fluminense no último domingo.
Renan já trabalhava como consultor do Figueira desde março de 2010. Em junho, chamou o ex-gerente de esportes do Florianópolis, Chico Lins, para ser gerente de futebol do clube. A chegada do amigo à equipe não foi fácil. Ele chegou para substituir Erasmo Damiani, demitido pelo Alvinegro, e já caracterizou a primeira turbulência enfrentada pelo novo gestor.
- Começamos a montar a estrutura. Claro que toda transição é traumática. Rupturas trazem divergências. Mas tínhamos que arrumar a cara do clube. No ano passado, como consultor, eu tinha alguns objetivos muito claros. A meta principal era a volta à Série A em dez meses. Conseguimos, com direito a título.
Para 2011, os objetivos passam pela valorização da marca Figueirense, com iniciativas para aumentar a abrangência do sócio-torcedor e o lançamento de um filme em homenagem à conquista da Série B no último ano.
Dez derrotas em casa em seis temporadas no Florianópolis
Se a torcida alvinegra quiser números de referência de Renan, o criador do saque “Viagem ao fundo do mar” pode apresentar o retrospecto quase infalível como dono da casa. Em seis temporadas no comando do Florianópolis, foram apenas dez derrotas em 91 jogos, um aproveitamento de 89%.
- Esse é um conceito que quero desenvolver ainda aqui. Os adversários precisam entender uma coisa. Dentro de casa, quem manda é a gente – afirmou.
Outra experiência que Renan vai levar das quadras para os gramados é a administração de recursos. Apesar de ter apenas o sexto maior orçamento da Superliga, o Florianópolis conseguiu manter a base do elenco e conquistar quatro títulos, chegando a cinco finais.
- Tem que acabar com esse paradigma de que só se tem resultado se tiver muito dinheiro. Ele ajuda? Claro, mas não é tudo. O que vale é uma gestão profissional, um acompanhamento dia a dia. Isso que traz os benefícios – disse o diretor.
Sem abandonar o vôlei
Desde janeiro, Renan dedica de 60% a 70% de seu tempo ao Figueirense. No entanto, o projeto com o Florianópolis não foi deixado totalmente de lado. O dirigente alvinegro continua participando da gestão do time de vôlei. Para ele, a conciliação de agendas é boa para manter a troca de experiências e fazer com que o aprendizado conquistado em um seja aproveitado em outro.
- A principal diferença é que, no vôlei, as cabeças são só nossas, conseguimos implementar as coisas com facilidade. No futebol tem um processo. Mas estou muito satisfeito porque tudo está conspirando a favor. Todos na diretoria estão muito bem alinhados. Sabemos que ainda não somos um time grande, mas queremos ser inovadores com o que temos e crescer muito ainda.
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