segunda-feira, 16 de março de 2009

Um abraço no Damião, outro no Tambosi


O jornalista, escritor, poeta e blogueiro Carlos Damião trouxe pro meio do salão, nesse domingo (15), uma velha questão: por onde andaria a identidade cultural Barriga Verde? Ainda vive? E o que é hoje? Em que asilo a esconderam? Tudo começou ainda no sábado pós-sexta 13, com a crônica do também escritor, poeta e jornalista Olsen Jr., um puxão de orelhas em regra em todos nós através do respeitoso pito no Silveira de Souza. O signatário, palpiteiro de plantão, deixou seus diletantes pitacos, muito bem acompanhado por intelectuais como o professor Orlando Tambosi, escritor, filósofo e também blogueiro de escol. Convivi com ambos em tempos distintos. Do professor fui aluno comum, no tempo em que o Planetário da UFSC era um paraíso para eflúvios heterodoxos. De Damião fui colega em O Estado, cuja alusão à falta que o jornal faz é sentimento comum a dez entre nove connaisseurs.

Quem decide pela pobreza cultural pasteurizada que nos assalta? Ou é o marxismo militante ou o cooptado pelo mainstream. Aliás, "quem" é esse tal de mainstream? Damião, meu amigo, permita-me uma única possível correção: infelizmente a molecada de quem Tambosi (maltratado pela censura intelectual de alguns de seus pobres pares enciumados) diz não ser culpada - e concordo em parte - dela, mô Poeta, não espere versos, excepto (maldita reforma ortográfica) aquelas pobres rimas banais que misturam amor, sabor e cor no pagodinho fake de boutique, no sertanejo texano, com éguas ornadas por lantejoulas. Entretanto, não há somente um culpado. 'Urgências' modernosas (tv, PC, x-box, playstations, games em geral) não deixam a gurizada sossegar o traseiro pelo tempo que exige a leitura de uma simples página sem figuras. Há uma monstruosa falta de criatividade, quase nenhuma vontade da e na mídia 'profissional' em romper esse véu de ignorância, e com essas próprias armas. Faltam também boas indicações, et pour cause, boas discussões. Quando meu velho Paulo lançou A Lenda do Santinho - A Guerra Santa do Rio do Braz - despretensiosa novela de estréia (Insular, do incansável Rolin), uma professora carioca de um dos cursinhos repletos de tecnologia, aqui na capital, promoveu sua visita em algumas turmas. O debate foi tão intenso que os encontros se repetiram por várias semanas. A petizada não se furta à discussão, falta um empurraozinho, faltam agentes de carne e osso, falta destaque sistemático nos jornais, falta des-ideologizar o debate, falta redesenhar o mapa cultural catarinense (feito por barrigas-verde, gaúchos, paranaenses, paulistas, cariocas, marcianos e selenitas em geral). Chega de substituir - e se há algo sendo substituído é porque há salvação, ave, irmão! -, o papo é preservar, agregar, divulgar... e se por desventura não sobrar nada, ao menos discutir, fazer MAIS BARULHO.


Um comentário:

Orlando Tambosi disse...

Retribuo o abraço, Les (caracas!,não consigo me lembrar quem é você, aluno dos velhíssimos tempos).
Ah, sim, vou linkar o Mais Barulho.