quarta-feira, 11 de março de 2009

CABOTINISMO - Óia nóis na Folha de São Paulo pela pena de Ruy Castro


Em atenção aos incontáveis pedidos de todas as partes da galáxia e para não dar tilt na rede mundial de computadores, seguem abaixo as lôas bem-traçadas por Ruy Castro sobre o universo orwelliano em que vivemos. Nem uma inocente coxinha envenenada endereçada ao marido, mas que matou o cahorro, escapa aos trilizóios que com lupa examinam o dia-a-dia sem graça que nos cerca:


RUY CASTRO - O caso da coxinha envenenada RIO DE JANEIRO - Na semana passada, em Conchal (172 km de São Paulo), uma mulher serviu um prato de coxinhas ao marido. Este salivou profusamente e atacou uma delas com disposição. Mas, na primeira engolida, sentiu um gosto estranho e comentou que o quitute não estava nos padrões a que ela o acostumara. A mulher deu um sorriso amarelo e disse que devia ser a pimenta-do-reino.O homem fez "Grmff!" e repassou as coxinhas a seu cachorro, que o olhava com ar súplice, debaixo da mesa. O animal, fraco em etiqueta e de paladar menos sofisticado, devorou a porção quase de uma bocada. Ato contínuo, deu um ganido grosso, irreal, como se dublasse a si mesmo, revirou os olhos e estatelou-se, morto, na sala.Desconfiado, o marido correu para o pronto-socorro, onde o velho clister entrou em ação. Diante da suspeita de envenenamento, a mulher confessou tudo ao delegado. Tinha desviado R$ 15 mil da conta de ambos e temia que ele descobrisse. O jeito era matá-lo. Simples assim. Mais um pouco e, por causa de uma mixaria, a coxinha iria juntar-se à empada que matou o guarda, em matéria de estigma.Que eu saiba, nenhuma "mídia impressa" deu esta notícia. Devem tê-la achado banal. Fosse um sushi envenenado, quem sabe. Ou blinis de caviar. Mas o fato de os jornais terem esnobado o caso da coxinha não significa que ele não tenha sido amplamente divulgado. Em 12 páginas do Google, 150 portais, sites e blogs, dos mais potentes aos mais humildes, trataram da história com a necessária competência.Alguns deles: Fervendo, Mais Barulho, BlogGlubGlob, Vírgula, iParaíba, Anastácio Notícias, O Que a Bahia Quer Saber, Sanatório de Notícias, E Agora José? e Minhoca na Cabeça. É a prova de que, não importa se relevante ou irrelevante, nada mais passa em branco pela história.

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