segunda-feira, 3 de outubro de 2011

G1 CRITICOU, mas na TV tava bom! - Chuva, atraso e Guns N' Roses fecham a última noite do Rock in Rio

Axl Rose subiu ao Palco Mundo às 2h40 e saiu duas horas depois.

Cansaço do público e falta de empolgação do vocalista prejudicaram show.

Gustavo MillerDo G1, no Rio

Guns N’ Roses, chuva, atraso e Rio de Janeiro é uma combinação que já virou tradição. Um ano e meio após fazer um show burocrático na Cidade Maravilhosa, em uma apresentaçãoremarcada devido a um temporal, Axl Rose e companhia fecharam a edição 2011 com uma performance ainda menos inspirada.

Após o pesado show do System of a Down, um pé d’água caiu sobre a Cidade do Rock e chegou a alagar o Palco Mundo. Previsto para começar 1h10, a apresentação do Guns só iniciou 1h30 depois, com um rechonchudo Axl vestindo uma capa de chuva amarela, óculos escuros e chapéu (veja o comparativo dele em 1991 e agora, 20 anos depois).

O figurino "Pica Pau desce as cataratas" foi se alterando ao longo da noite: o vocalista trocou três vezes de camiseta, colocou casaco de couro, tirou o casaco de couro e mostrou uma coleção de chapéus de fazer inveja ao líder do Jamiroquai.

O show
Após iniciar com "Chinese democracy", faixa do álbum homônimo de 2008, o Guns atacou com três hits de "Appetite for destruction" (1987) que dispensam apresentações: "Welcome to the jungle", "Mr. Brownstone" e "It's so easy". O público acendeu com a escolha e pareceu não se importar com algo que marcaria o resto do show: como o Guns N' Roses se tornou uma banda cover de si mesma desde o Rock in Rio 2001.

Os integrantes atuais (a maioria é de 2006 pra frente) executam os clássicos dos anos 80 e 1990 com maestria, semelhantes as gravações originais. Porém falta a todos o carisma dos integrantes da formação clássica - o guitarrista DJ Ashba até emula Slash com a cartola e o cigarro no canto da boca. Nenhum deles convence também quando ganham longos e tediosos momentos solos – os guitarristas tocam “Sunday bloody Sunday” (U2) e até o tema de “A Pantera Cor de Rosa”.

“Essa não é a música do ‘CSI?’, provocou Axl após o tecladista Dizzy Reed tocar “Baba O’Riley”, do The Who, no piano. A frase foi dita após um dos vários sumiços que o vocalista deu ao longo do show – ele entrava em uma cabine coberta com pano preto e saai de lá depois, misteriosamente, sempre com um novo acessório na cabeça.

Esses longos intervalos foram aos poucos esfriando o público, que ficou o tempo todo sob uma forte chuva. Apesar de Axl não apostar tanto em faixas de "Chinese democracy", que teve "Better" e "Street of dreams", e preferir um grande best-of de seu grupo (“November rain”, “You should be mine”, “Live and let die”, “Patience”, Paradise city" e “Sweet child O’ mine” estiveram no repertório), em nenhum momento o show conseguiu esquentar de verdade, nem nos vários momentos em que o baterista batia no bumbo para a plateia gritar o nome do grupo. “Knocking on heavens door” foi um raro momento em que houve uma interação banda-plateia, com o público segurando o refrão após Axl dar seu gritinho característico.

Ele, apesar de se mostrar feliz e bem-humorado, não se esforçou no show e passou a maior parte parado, movimentando-se muito pouco (o palco molhado não deixou, tudo bem). A falta das estripulias do passado fez o público prestar mais atenção na sua voz, que aos poucos se esvaiu. O agudo rasgado característico apareceu somente no começo da apresentação e nas faixas mais lentas. Nas mais pesadas ele se poupou, preferindo o grave.

A única surpresa da noite foi quando eles tocaram "Stranged", do álbum "User your illusion II", de 1991. A faixa, que de acordo com Axl não era apresentada ao vivo há 18 anos, foi o momento mais inspirado do líder e de sua trupe. Além de dar um gostinho do que era o Guns N' Roses no seu auge.

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