Comandada por ignaros, incultos e abomináveis vira-bostas excitados com metros e mais metros de asfalto vagabundo, obras que não duram uma chuva de verão, na Desterro hoje submetida a tentativas (algumas bizonhas) e erros (muitos e bizarros erros), CRUZ E SOUSA, maior poeta simbolista brasileiro e considerado por especialistas um rival à altura de Mallarmè, o maior de todos, os homens do Paço NÃO LHE RENDEM em sua terra as homenagens que merece. Era um beletrista phlódão e esquartejava com a riqueza de sua pena um mundo dominado pelo racismo e preconceito. Sua inteligência e seus belíssimos versos eram adaga afiada a cortar os salões da nobreza sifilítica e escravagista. Apenas uma mísera linha no .... esqueçam-no é o que dizia aquela única linha no tal diário...
Último texto
Escárnio perfumado
Quando no enleioDe receber umas notícias tuas,
Vou-me ao correio,
Que é lá no fim da mais cruel das ruas,Vendo tão fartas,
D'uma fartura que ninguém colige,
As mãos dos outros, de jornais e cartas
E as minhas, nuas - isso dói, me aflige...E em tom de mofa,
Julgo que tudo me escarnece, apoda,
Ri, me apostrofa,Pois fico só e cabisbaixo, inerme,
A noite andar-me na cabeça, em roda,
Mais humilhado que um mendigo, um verme...
João da Cruz e Sousa, considerado o mestre do simbolismo brasileiro, nasceu em Desterro, hoje cidade de Florianópolis - SC, no dia 24 de novembro de 1861. Desde pequenino foi protegido pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa, que o acolheram como o filho que não conseguiram ter. O referido marechal havia alforriado os pais do escritor, negros escravos. Educado na melhor escola secundária da região, teve que abandonar os estudos e ir trabalhar, face ao falecimento de seus protetores. Vítima de perseguições raciais, foi duramente discriminado, inclusive quando foi proibido de assumir o cargo de promotor público em Laguna - SC. Em 1890 transferiu-se para o Rio de Janeiro, ocasião em que entrou em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Vivia de suas colaborações em jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de "Missal" e "Broquéis" (1893), só conseguiu se empregar na Estrada de Ferro Central do Brasil, no cargo de praticante de arquivista. Casou-se com Gavita Gonçalves, também negra, em 09 de novembro de 1893. O poeta contraiu tuberculose e mudou-se para a cidade de Sítio - MG, a procura de bom clima para se tratar. Faleceu em 19 de março de 1898, aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão...
Livros publicados:
Poesia:
"Broquéis" (1893)
"Faróis" (1900)
"Últimos Sonetos" (1905)
"O livro Derradeiro" (1961).
Poemas em Prosa:
"Tropos e Fanfarras" (1885) - em conjunto com Virgílio Várzea
"Missal" (1893)
"Evocações" (1898)
"Outras Evocações" (1961)
"Dispersos" (1961)
VISITE, para MAIS DO MESMO: PROJETO RELEITURAS em http://www.releituras.com/cruzesousa_menu.asp
LEIA TAMBÉM em Poesia.net (ALGUMAPOESIA) em http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/cruz.sousa.jpg&imgrefurl=http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet222.htm&usg=__jWc3r5ztI6gBYGPHFtg8oWzMtE0=&h=251&w=185&sz=12&hl=pt-BR&start=6&um=1&itbs=1&tbnid=7xgZ1WsK3FZAkM:&tbnh=111&tbnw=82&prev=/images%3Fq%3Dcruz%2Be%2Bsousa%26hl%3Dpt-BR%26rlz%3D1C1CHMG_pt-BRBR291BR340%26sa%3DN%26um%3D1
Caros,
Ironias da História: um dos poetas mais geniais no Brasil escravista do século XIX é justamente um filho de escravos. Falo do catarinense João da Cruz e Sousa (1861-1898), fundador e maior expoente do simbolismo no Brasil. Nascido em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, João da Cruz era filho de Guilherme da Cruz, escravo e mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, ex-escrava...
Um comentário:
Maravilha!!!
Postar um comentário