Um gaúcho foi demitido, perdeu guampudo a esposa pro vizinho, a prenda amante traiu o pilchado com o patrão que lhe despediu e o carro foi roubado e não tinha um mísero seguro. Apenas justificativas que o garboso desandou a espalhar. Disse o guapo que dado os sucessivos infortúnios, resolveu se suicidar. Meio descabeçado, prestes a se jogar do viaduto um mendigo interpela a figura anacrônica que de bombacha preparava da murada um salto no nada:
- O senhor vai se matar?
- Vou. E que tu nem tente me impedir tchê.
- Não! Calma. Mas já que o senhor vai se matar, com esse frio não se importaria em dar as suas roupas para mim, não? São meio esquisitas, mas...
O gaucho concordou e se despiu por completo. O mendigo,olhando para o corpo nu do gaucho, pergunta:
- Olha, o senhor tem uma bundinha muito gostosa. Já que vai se matar e ninguém vão saber, deixa eu fazer esse loló campeiro? Darias... como tu dirias, tua rosca?
Sem nada mais a perder, o sujeito concorda e deu o brioco para o transeunte mendigo que lhe castigou o derrièri, esfolando o pepino na cóça de laço que lhe impusera o espiralado cú. Protestou apenas, o suicida, limpar antes de consumar o ato, os gurgumilhos do churril que o mate lhe causara e riscara as calças de bege-café e, impregnara as pelancas do fiofó com sementes de feijão campeiro e mau odor que sentia no dedo indicador que cheirava. Protestou ainda, contudo - Larga meus garrão que quero rebolar pra ti - disse o atezonhado pampeiro suicida desvencilhando seus calcanhares enquanto se arrumava despudoradamente debruço.
Passado o constrangedor acasalamento cabeludo-berberado disse o suicida arroseado como piá pançudo - Mas bah, tu não poderias devolver as minhas roupas?
Diz o mendigo agora intrigado, pós coito animado por rancheiras que inundaram minha infância no radinho de pilha jogado sobre os fardos de fumo do galpão campeiro em que aninhava minha adolescência pré-Câmara dos Deputados [isso, virei deputado federal...]:
- Mas o senhor não vai se matar?
- Mudei de idéia. Descobri uma razão para viver, tchê!
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