Versão fracassada lançada em 90 tinha vilão com cara de Freddy Krueger.
Promessa de sucesso de bilheterias da atual temporada de blockbusters, uso admirável dos efeitos especiais, boa amostra de como um filme de aventura pode ser - nem sempre o Capitão América esteve com essa bola toda, que a que marca a estreia de "Capitão América: o primeiro vingador", neste final de semana.
Apesar de ser o primeiro filme do super-herói da Marvel a de fato chegar aos cinemas, o personagem já teve outras encarnações fora dos quadrinhos nestes mais de 70 anos desde sua criação. Foi o promotor público Grant Gardner num seriado para a TV de 1944, retornou em 1966 - já como Steve Rogers - numa versão de animação tosca feita no Canadá, ganhou dois longas-metragens para a TV no final dos anos 70 e uma mal-sucedida adaptação de baixo orçamento na década de 90, que nunca conseguiu estrear na tela grande.
Relançada recentemente em DVD no Brasil pela Classicine, "Capitão América", a série de TV em branco-e-preto da década de 1940 teve apenas 15 episódios produzidos pela Republic, mas foi um relativo sucesso de público na época. A revista em quadrinhos tinha sido lançada havia apenas quatro anos e o super-herói era um popular aliado dos EUA na propaganda pela participação americana na Segunda Guerra Mundial.
Apesar disso, o seriado não se passa na guerra, nem tem nazistas como vilões. A própria identidade do Capitão América é outra. Na série de TV ele é Grant Gardner (Dick Purcell), um promotor público que decide combater o crime usando fantasia e máscara e tem como principal inimigo o Escaravelho, vilão capaz de hipnotizar e matar suas vítimas.
Com um clima mais detetivesco e menos "camp" do que o do seriado "Batman", que só chegaria à TV anos depois, a série "Capitão América" tem cenas de lutas espetaculares e uma narrativa que consegue prender o espectador a cada episódio, com finais que sempre colocam o herói em uma cilada, instigando os espectadores sobre o que viria no próximo capítulo.
Seguindo à risca
A morte repentina do ator principal da série - Dick Purcell - meses após a conclusão das filmagens da primeira temporada aliada ao final da Segunda Guerra Mundial esfriaram um pouco o clima para o Capitão e, tanto nas HQs quanto na TV, ele passou um tempo no limbo até ser ressuscitado em 1966. Neste ano, o personagem voltou à televisão em uma série animada semanal assinada por uma produtora canadense e criada a partir das páginas originais das revistas em quadrinhos - que também tinham voltado à cena em 64.
Por esse motivo, a série de desenhos "Capitão América" é bem mais fiel às HQs do que a versão carne e osso para a TV de duas décadas antes. Logo no primeiro episódio, o desenho conta a origem do herói exatamente como estava nos gibis: Steve Rogers, um jovem franzino que não conseguia se alistar no exército se oferece como cobaia em um experimento militar que o transforma em um supersoldado a serviço do país.
Também como nas HQs, o personagem tem como principal vilão o nazista Caveira Vermelha e, como aliado, o intrépido recruta James "Bucky" Barnes. Logo no quarto episódio da série, após se envolver em um acidente que coloca sua vida em suspensão, o herói é resgatado do mar pelos Vingadores, grupo integrado por Thor e Homem de Ferro ao qual a partir de então ele irá se juntar.
Capacete de motoqueiro
Mais ou menos na mesma época em que a CBS produzia a popular série de TV "O Incrível Hulk", a emissora resolveu tentar fazer uma nova versão em carne e osso para o herói e lançou dois filmes-piloto de um seriado.
Novamente, o roteiro preferiu se distanciar quase que completamente do super-herói dos quadrinhos. Em "Capitão América", exibido pela primeira vez na CBS no no início de 1979, o personagem é um desenhista que é tratado com "superesteroides" após se ferir gravemente em um acidente. Com a ajuda de um cientista, ele cria um arsenal de guerra que o ajudará no combate ao crime. Mais do que a tradicional motoca, o Capitão América desta geração também pilota uma van e até uma asa delta com as cores da bandeira americana.
Em ambos os filmes para a TV, o personagem é interpretado pelo ator Reb Brown e veste uma fantasia desajeitada e um capacete enorme de motoqueiro, com direito a visor de acrílico. O escudo, com listras transparentes em lugar das brancas, serve não só como bumerangue para o herói mas também como parabrisas da supermoto pilotada por Rogers. A série nunca vingou.
Pouco mais de uma década depois, tentando surfar a onda da Batmania que se instaurou no mundo após o sucesso do filme de Tim Burton nos cinemas, a produtora Century Film Corporation tentou outra vez levar o Capitão para a tela grande. Ambicioso a princípio, o projeto tinha como um dos produtores ninguém menos que Stan Lee, o criador do Homem-Aranha e de diversos outros personagens da Marvel, e como ator principal Matt Salinger, filho do lendário escritor J.D. Salinger. Só faltava o dinheiro.
Caveira ou Freddy Krueger
Filmado nos EUA e na Iugoslávia e realizado com um orçamento que não ultrapassou os US$ 10 milhões, o "Capitão América" de 1990 bem que tentou agradar os fãs. Apesar de algumas alterações nos personagens - o Caveira Vermelha, por exemplo, aparece como uma criação dos fascistas de Mussolini, não dos nazistas de Hitler como nas HQs -, a história era razoavelmente fiel à tradição do herói.
O resultado final, porém, ficou bem abaixo da expectativa executivos de Hollywood, e o filme acabou sendo lançado apenas em VHS (formato de home video anterior aos DVDs) só em 1992. Com um Caveira Vermelha deformado, que mais lembra o Freddy Krueger de "A hora do pesadelo", o longa foi um fracasso comercial, mas eventualmente é lembrado com carinho por alguns dos fãs saudosistas do Capitão.
Presente em pouquíssimos filmes desde então, Matt Salinger (que também esteve em "A vingança dos nerds", de 1984) virou ele próprio produtor de filmes de baixo orçamento em Hollywood e pode ser visto, agora, em uma rápida aparição durante uma das cenas do novo longa do Capitão América. Enfim, nos cinemas.
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