terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Morte do Governador Olegário na Banheira Palaciana e a Homenagem a Um Personagem Anônimo

Lendo na coluna do Cláudio Humberto aquelas notinhas que publica diariamente ao cabo, com histórias da política, algumas engraçadas outras absolutamente sem graça, encontro remissão à morte do Governador (Presidente de Minas Gerais, na época) Olegário Maciel na banheira do Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. Atrás de algum detalhe macabro ou policialesco do fato ocorrido em 1933 encontro essa interessante homenagem a um dos Personagens Anônimos que atravessam invisíveis as ruas de nossa jornada e que tanto prezo por serem também invisíveis peças no tabuleiro da vida. Porém, alicerces imprescindíveis. Todos temos à margem, correndo no fio do poste, nossos seres espetaculares por sua simplicidade no papel de soldados e não de generais de nossas histórias. O jornalista Ranier Bragon teve uma sacada diferente da morte de Olegário Maciel para homenagear um livreiro de suas memórias: Seu Amadeu! O post abaixo está em http://napiorembh.blogspot.com.br/2009/04/grande-obra-de-olegario-maciel.html e depois vale uma espiada no "Por que esse blog" lá postado à margem esquerda.

QUARTA-FEIRA, 29 DE ABRIL DE 2009


A grande obra de Olegário Maciel


Vivo, como vocês sabem, no encantado mundo da capital federal. Devido a isso, só dias atrás fiquei sabendo da morte do seu Amadeu, aos 92 anos de idade.

Procurava na internet um vídeo de Belo Horizonte feito na década de 40 pelo governo americano, quando pipocou na tela do computador: "Morre o alfarrabista Amadeu".

A ideia deste projeto sabático me veio à cabeça há cerca de dois anos, justamente quando passava em frente à livraria do seu Amadeu, uma biboca entupida de livros e incrustada há mais de 60 anos no centro de Belo Horizonte.

Segundo o registro que vem da minha maldita memória, a livraria não estaria mais no tradicional número 748 da rua Tamoios, mas ali pertinho, na rua Guarani, em uma salinha mais modernosa e, justamente por isso, tristemente decadente.

Mas os blogs mineiros me informam que a livraria continua lá, na Tamoios, tocada agora pelos dois filhos, Amadeuzinho e Lourenço. Entre minha memória e os blogs mineiros, fico com os blogs mineiros.

O fato é que a ideia desse projeto surgiu na porta da livraria do Amadeu, lugar que, eu tinha em mente, seria um dos pontos altos desse roteiro.

Há uma bela entrevista do seu Amadeu ao jornalista e futuro prêmio Jabuti Ewerton Martins Ribeiro (http://pretensoliterato.blogspot.com/2008/11/entrevista-com-amadeu-da-livraria.html), feita em outubro de 2004, ocasião em que seu Amadeu continuava em atividade, mesmo às portas dos 90 anos.

Nesta entrevista, o livreiro conta como quase virou um funcionário público na década de 30. Isso só não ocorreu porque o então presidente de Minas, Olegário Maciel (1855-1933), sofreu um treco na banheira do Palácio da Liberdade e morreu no dia em que provavelmente daria uma canetada e penduraria o jovem Amadeu em algum cabide da administração mineira.

Taí, para quem acha que Olegário Maciel é só uma rua que vai dar na rodoviária: o homem foi responsável por uma obra que, por si, valeria o seu mandato: não ter impedido que o seu Amadeu se tornasse o seu Amadeu.

PS.: a foto é a capa do livro de João Antonio de Paula (Conceito).

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