Pop art, romantismo sombrio e luz brasileira em Paris
- Primavera tem exposições para todos os gostos em museus da capital francesa
FERNANDO EICHENBERG
Atualizado:
PARIS - Entre as grandes exposições da primavera parisiense, há opções para diferentes gostos. O Museu de Arte Moderna (mam.paris.fr) apresenta até 18 de agosto uma retrospectiva da obra do artista americano Keith Haring (1958-1990). “The political line” exibe cerca de 250 de seus trabalhos, sublinhando o aspecto político de um dos mais celebrados nomes da arte urbana, morto aos 31 anos, e que sonhava com uma “arte para todos”. Em complemento, o espaço 104 (104.fr) expõe as obras de grande formato de Haring, principalmente “Os dez mandamentos”, de 1985. O Museu d’Orsay (musee-orsay.fr) tem até 9 de junho a exposição de 200 telas em torno do romantismo sombrio, do século XVIII até a época moderna. Em “L’ange du bizarre”, monstros, vampiros, bruxas e demônios povoam obras de Goya, Delacroix, Füssli, Max Ernst, Paul Klee ou Salvador Dalí. O bônus fica por conta de trechos de obras-primas do cinema dirigidas por F. W. Murnau, Fritz Lang ou Luis Buñuel. Já o Palais des Beaux-arts faz as honras, a partir de hoje, ao brasileiro Glauco Rodrigues (1929-2004). A mostra integra a exposição maior batizada de “L’ange de l’histoire”, aberta até 7 de julho (www.ensba.fr). “Ninguém, como o Glauco, pintava a luz brasileira, o modo como ela fica difusa e branca na praia, a alta definição que proporciona às cenas da nossa loucura, ou ilumina os contornos de mulheres e frutas”, escreveu certa vez o escritor Luis Fernando Verissimo, um admirador da obra do artista.
Para quem quiser mergulhar no universo onírico do escritor Boris Vian e do cineasta Michel Gondry, basta entrar em uma sala de cinema da cidade que esteja projetando “A espuma dos dias”, romance de Vian adaptado para a grande tela por Gondry, ou no Museu de Letras e Manuscritos. O local dedica até 31 de agosto um generoso espaço ao livro cult de autoria de Boris Vian (1920-1959), e também revela vários dos objetos criados por Michel Gondry para a sua versão cinematográfica (museedeslettres.fr). E sem esquecer das esculturas hiper-realistas do artista australiano Ron Mueck, na Fondation Cartier, até 29 de setembro (fondation.cartier.com).
Violoncelo e canção fancesa
Com seu violoncelo e uma afinada voz de menina, a brasileira radicada em Paris Dom La Nena — nome artístico de Dominique Pinto — de 23 anos, conquistou a crítica especializada francesa e americana com seu primeiro álbum de composições próprias, “Ela” (domlanena.com). No dia 29 de maio, para quem estiver em Paris, vale conferir suas canções em seu show no Café de La Danse (cafedeladanse.com).
E o “Le Hall”, instalado no Parc de la Vilette — entre a Grande halle e o canal Ourcq, é um local exclusivamente dedicado ao repertório de artistas da chanson française, um patrimônio musical do país. A ideia é também mostrar o lado B de personagens célebres, por meio de representações inéditas. A programação deste ano homenageia Édith Piaf, Jean Cocteau — mortos há 50 anos, em 1963 — e Léo Ferré, falecido em 1993. Também estão previstos espetáculos com chansonsdo século XVIII e do tempo da Primeira Guerra Mundial. (lehall.com)
Surpresa à mesa
A antiga La Taverne du Sergent Recruteur, tradicional endereço da Île de Saint-Louis, encolheu o nome para Le Sergent Recruteur (lesergentrecruteur.fr). Mas não é só isso. O local foi redesenhado e redecorado pelo festejado designer espanhol Jaime Hayon e renovou cardápio, já distinguido com uma estrela na mais recente edição do guia gastronômico “Michelin”. No comando está o chef Antonin Bonnet, formado na cozinha de Michel Bras. Com menus entre € 65 e € 145, o restaurante tem sido apontado como uma das melhores surpresas entre as novas mesas parisienses. E, no coração do bairro Marais (Rue Pavée 4), o chef pâtissier Christophe Adam, ex-Fauchon, abriu uma confeitaria especializada em l’éclairs, a famosa bomba de chocolate e de outros sabores, um dos doces favoritos dos franceses. No L’Éclair de génie (leclairdegenie.com) também fazem sucesso as trufas de chocolate.
Brunch no albergue
Nas proximidades da Praça da Bastilha, o hotel Auberge Flora tem sido considerado boa opção de hospedagem em Paris, com 21 quartos de decoração contemporânea, em seis diferentes categorias. Quem não quiser pernoitar pode escolher o menu de tapas da chef Flora Mikula, com direito a brunch no fim de semana (aubergeflora.fr).
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