18
jul
12
On The Road no cinema
Vi ontem On the road, a adaptação de Walter Salles do famoso livro de Jack Kerouac. Inevitável comparar as duas obras, mesmo correndo o risco de cometer uma injustiça com o filme (gostaria de saber a opinião de quem o viu, mas ainda não leu o romance). Reconheço o mérito de Salles pela coragem de ter encarado o projeto de levar pra telona um dos ícones da literatura americana. Botar a cara a tapa merece o nosso respeito. E o resultado está longe de ser um fracasso. Ficou bacana, bem realizado. Mas…
Confesso que o filme não me fisgou pela emoção, ao contrário do efeito arrebatador e apaixonante do romance de Kerouac. O filme é tecnicamente sofisticado, fiel à história, as locações são lindas, os atores convencem, o ritmo é ágil como o jazz que embalou aquelas aventuras. Mas faltou algo que é até difícil definir. É como comparar a euforia de estar na estrada com a descrição da euforia. Talvez tenha faltado um mergulho mais radical na psicologia de Sal e Dean. E você, o que achou?
4 comentários:
- Em 28/07/12, 21:25, LesPaul disse:Dauro, com ou sem argumentos acadêmicos eu sou mais hedonista nas escolhas, e assim, se é ou não datilografia, como disse Capote e seu (nosso) A Sangue Frio(também acusado de literato e não de jornalista) é uma astronômica bobagem pretenso intelectual. O Kerouac escrevia vertiginosamente e não era novidade lhe faltar técnicas exigidas pelo rigor formal, às vezes estéril. Henry Miller fez o mesmo uma década antes e as resenhas e literachatices dos Cadernos B e II sempre vão na falta de alma do personagem X, do estilo blá-blá-blá… Deve ser chato pra caraglio não poder curtir um simples blues e suas pausas perdidas de imensidão, porque não é a dodecafonia de Schönberg … pohha, como é bom viajar com Sam Spade, ou um longo adeus de Chandler ou o Falcão Maltês de Hammett. Acho que tem gente que acha que a tinta de sua BIC é de ouro. Sal era o alter ego de uma penca de miquinhos amestrados; quem viveu alguma privação, seja a da Ia. ou IIa. Guerra ou do desemprego do pós-guerra, entenderia melhor. Não basta Jack Kerouac e Ginsberg e um almoço Pelado com Burroughs ou as piranhas venéreas de Bukowski, nem o verdadeiro jornalismo de Jack London (visitar sua casa no outro lado da Baía de São Francisco é interessante, especialmente se seu guia for um cachorro muito doido)… Tudo isso apenas pra dizer que mesmo não estando o filme à altura do livro ou da emulação que se esperava da leitura feita há muito tempo pela maioria dos que identificam On The Road com parte de sua vida, de seu trajeto, o resto é bpobagem. Gostar do livro, simples como ele é, escrito corrente cálcamo no sótão da tia em NJ, ou curtir o filme com um balde de pipocas matando a larica, tanto faz. Falta justamente o desprendimento da xaropisse acadêmica. abraço @Lespaulcorvette
- NO ORIGINAL : http://www.dauroveras.com.br/artes/on-the-road-no-cinema/comment-page-1#comment-6882
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